A amamentação é um dos momentos mais importantes para aumentar o laço afetivo entre mãe e filho. O vínculo entre eles se fortalece no contato pele a pele e no olhar. 

Um dos motivos pelo qual a amamentação favorece o vínculo entre mãe e filho é porque o toque e a sucção liberam a ocitocina, o chamado hormônio do amor, no organismo. A ocitocina também libera o leite materno e faz o seu coração se derreter por aquele ser pequenino, que você acabou de conhecer e ama tanto. E a função dessa substância, produzida naturalmente pelo corpo humano, vai além: ela é também um neurotransmissor, ou seja, age como mensageira, levando informações para diversas áreas do organismo.

Que amamentar é essencial para o perfeito desenvolvimento do bebê, todo mundo já sabe. Mas você sabia que as vantagens incluem, ainda, grandes benefícios para a mamãe? O leite materno, dado ao bebê após o parto, faz o útero voltar ao tamanho normal mais rápido, diminui o sangramento, prevenindo a anemia materna e reduzindo o risco de câncer de mama e ovários, além de prevenir a depressão. 

Para a criança, também há outros ganhos. O leite materno protege contra doenças, previne a formação incorreta dos dentes e problemas na fala, proporciona melhor desenvolvimento e crescimento, além de ser um alimento completo, dispensando água ou outras comidas até os seis primeiros meses de vida do bebê.

O leite materno é o alimento mais completo que um bebê pode receber desde o seu nascimento. Afinal, mesmo nos partos cirúrgicos (cesárea), ele deve sugar na primeira hora de vida para acelerar a descida do leite, receber as defesas da mãe e fortalecer o vínculo entre os dois.  

Mas, o bom estabelecimento da amamentação depende de uma série de fatores

• É necessário que a mãe produza colostro/leite; 
• Entorno favorável que dê suporte a essa díade; 
• Disponibilidade da mãe para oferecer a mama ao bebê diversas vezes ao dia;
• O bebê precisa estar apto a mamar (e isso depende dele ter pistas para encontrar o seio da mãe, precisa ser capaz de abocanhar o seio, sugar, deglutir e respirar de maneira coordenada). 

Sobre o parto e a amamentação

Todas as intervenções realizadas durante o parto, mesmo quando necessárias, fazem com que a mulher se sinta, muitas vezes, incapaz. Faz com que ela perca o senso de controle sobre seu corpo e sua capacidade de parir e consequentemente, de amamentar também. 

Fármacos anestésicos administrados por meio de injeção endovenosa costumam deprimir a função respiratória e, portanto, podem comprometer a coordenação entre sucção, deglutição e respiração. 

Qualquer tipo de lesão ou alteração que comprometa a cabeça, face ou parte superior do corpo do bebê pode, de alguma forma, interferir em sua habilidade em sugar, deglutir e respirar confortavelmente. 

Mesmo a oferta de pequenas quantidades de fórmula ou qualquer outro alimento ao bebê é capaz de alterar sua flora intestinal e deixá-lo vulnerável a infecções. 

Como preparar os seios na gravidez para a amamentação 

Os cuidados com os seios durante a gravidez devem ser iniciados logo que a mulher descobrir que está grávida e têm como objetivo diminuir a dor e o desconforto devido ao seu crescimento, preparar os seios para a amamentação e prevenir o aparecimento de estrias. No decorrer da gravidez os seios se modificam para se prepararem para a amamentação, ficando maiores, mais pesados e doloridos. Além disso, a aréola fica escura e sensível e as veias dos seios ficam mais salientes, sendo importante ter vários cuidados. 

Lembretes para seu plano de parto

• Desligar o ar condicionado da sala de parto (isso vale para o parto normal e cesariana); 
• Não oferecer fórmula ao seu bebê, e, se necessário, o ideal é que o complemento seja oferecido no copinho e com o seu leite materno; 
• Pedir para o pediatra, se o bebê estiver bem, pesar e pedir após a hora de outro;
• Pedir ajuda na maternidade para amamentar se você estiver com dificuldade;
• Pedir ajuda para oferecer o peito imediatamente após o nascimento. 
• Pedir que a fonoaudióloga examine a linguinha ainda no hospital; 
• Pedir banho tardio; 
• Respeitar a 1 hora de ‘’pele a pele’’ – isso quer dizer, pele a pele mesmo. 

Primeiros dias de amamentação

Os primeiros dias (e até semanas) da amamentação são de aprendizados tanto para a mamãe como para o bebê. É completamente normal se sentir perdida, acontece com todo mundo, inclusive com quem já amamentou antes – afinal, cada bebê é diferente. 

Mas e caso eu não possa amamentar?

Calma! Se houver alguma contra-indicação ou dificuldade que impossibilite a amamentação, não significa que o vínculo entre vocês não será estabelecido. Mamadeira, copinho, colher… também se dá com amor. Todas as pessoas têm a capacidade de liberar ocitocina> E isso pode ser exercitado de várias maneiras, desde que a mãe olhe o bebê com carinho, converse, massageie, abrace… enfim, curta o momento. 

Para tornar esse período tão especial ainda melhor, temos algumas outras dicas para você, mãe, que deseja enfrentar os estigmas da amamentação e se entregar para essa experiência de coração aberto: 

A descida do leite – apojadura: 

• Ocorre geralmente entre o 3° e 5° dia pós-parto, mas pode ser influenciada por questões relativas ao parto; 
• Ocorrerá naturalmente, mas pode ser antecipada se tivermos um bebê mamando com eficácia desde o 1° dia; 
• Manifestações (não obrigatórias, porém normais) de inchaço nas mamas, vermelhidão, dor no corpo, fadiga, febre, calafrios e mamas quentes. 
• Pode ficar mais difícil para o recém nascido sugar se a mama estiver enrijecida;
• Os sintomas costumam durar de 48 a 72 horas. 

Medidas de alívio: 

• Amamentar em livre demanda;
• Massagem local e ordenha manual; 
• Folhas de repolho verde para inchaço;
• Não oferecer o seio rígido para o bebê; 
• O leite/colostro ordenhados pode ser dado de colherinha para o bebê; 
• Discos de gel gelados para os mamilos (mamare/mother mates);
• Alternância de posições ao amamentar;
• Repouso. 

EVITE: Bombas de tirar leite, conchas rígidas, sutiãs apertados e bicos artificiais. 

Ordenha Manual: 

• Massagear a mama começando do centro para as extremidades;
• Levar os dedos polegar e indicador em ‘’C’’ posicionados no limite da aréola, levar a pele para trás tocando as glândulas e fazendo leve pressão;
• Fazer movimentos circulares e continuar em espera até onde estiver sentindo inchaço;  
• Os dedos não se arrastam ou mudam de lugar, apenas fazem pressão ritmada; 
• Mantenha a aréola/mamas secas para melhor desempenho. 
• Usar parte interna dos dedos; 

Ingurgitamento:

– Retenção de leite, distensão dos alvéolos, compressão dos ductos, obstrução do fluxo de leite 

Causas: Início tardio da amamentação, mamadas infrequentes, restrições da duração e frequência de mamadas, uso de suplementos, técnica incorreta.

Fisiológico: Sensação de inchaço das mamas, não requer intervenção.

Patológico: Distensão tecidual excessiva, desconforto, febre, mal estar, vermelhidão local, mamas edemaciadas e brilhantes. Mamilos endurecidos, achatados, leite que não flui.

Periférico: Somente no corpo da mama, não impede a mamada.

Areolar: Há dificuldade no toque, impedindo esvaziamento adequado da mama.

Traumas mamilares – fissuras: 

Manifestações: Edemas, fissuras, rachaduras, bolhas, escoriações ou erosão. 

Causas: Posicionamento e pega inadequados, mamilos curtos/planos ou invertidos, disfunções orais/motoras do bebê, freio da língua curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas e outros apetrechos, não interrupção da sua sucção do bebê antes de tirá-lo do peito, uso de cremes ou óleos nos mamilos, exposições prolongadas a forros úmidos, causas de origem emocional.  

A sensação de dor ao amamentar é uma das principais causas de desmame precoce, por isso é de extrema importância a orientação pré e pós parto. 

Prevenção: 

• Avaliação oral do bebê;
• Manter mamilos arejados; 
• Preparação teórica durante a gestação; 
• Usar a técnica correta de amamentação;
• Não usar produtos de higiene nos mamilos; 
• Passar um pouco de leite materno sobre aréola e mamilos no fim de cada mamada; 
• Amamentar em livre demanda (menos força empregada na sucção); 
• Checar flexibilidade da aréola antes da mamada, não oferecer o peito ingurgitado;
• Introduzir o dedo pela comissura labial de bebê caso precise interromper a mamada; 
• Evitar o uso de intermediários de mamilos e bicos artificiais. 

Tratamento para traumas mamilares: 

Tratamento seco:

• Banho de sol (antes das 10 horas e depois das 16 horas) durante 15 minutos; 
• Aplicação de laser de baixa frequência – novos estudos. 

Tratamento úmido: 

Também é recomendado pois a cicatrização das feridas é mais eficiente se as camadas internas da epiderme se mantiverem úmidas. Usar leite materno ordenhado após as mamadas; Pomadas a base de lanolina anidra podem ser usadas sobre o mamilo, evitando excessos.

Avaliação da mamada e posicionamento do bebê: 

• A barriga do bebê deve estar virada para a barriga da mãe; 
• A cabeça do bebê deve estar apoiada no antebraço ou suportada pelas mãos da mãe; 
• Cabeça e tronco do bebê sempre alinhados; 
• A mãe deve dar contenção ao corpo do bebê; 
• O mamilo da mãe deve ficar na altura do nariz do bebê; 
• Conte com o uso de almofadas para delimitar o corpo do bebê e evitar reflexos. 

Qual o intervalo indicado entre as mamadas? 

Não há intervalo predefinido para as mamadas, deve-se respeitar a vontade do bebê, entendendo que a livre demanda contempla as necessidades alimentares e também emocionais. Também não há intervalo máximo entre as mamadas desde que o bebê não seja prematuro, peso baixo, PIG ou com baixo ganho de peso. 

A grande maioria dos bebês consegue fazer intervalos maiores sem grandes prejuízos a partir do 2º mês de vida, porém isso não deve ser imposto, somente na necessidade da ausência da mãe.

Em relação a produção de leite, é melhor que faça várias mamadas mais curtas durante o dia do que poucas mamadas muito longas, que geralmente não são efetivas (pois o bebê dorme muito). 

A melhor orientação para a mãe é que esqueça o relógio, anotações relativas ao tempo e intervalos de mamada e, principalmente, de horas de sono, minimizando o stress e necessidade de controle, olhando mais para o bebê. 

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