Acorda, carro, trabalho, carro, janta, cama. A rotina, por vezes, tem o poder de deixar cinza o colorido e de nos roubar aquilo que nos é caro: a passagem do tempo. É difícil acompanhar o quanto os filhos crescem, o quanto mudamos, o quanto aprendemos, quando estamos nesse caminho, quando tudo é processo.

Há duas coisas que são capazes de romper com essa lógica alienante e sufocante: os tropeços e as fotografias. Digo tropeçar porque a primeira reação natural a um tropeço é o de minimizar a própria queda; evitar dano. Logo após, trata-se de olhar para os pés, pro próprio corpo, e pro caminho em si. Isso pode ajudar a compreender tudo ao nosso redor. Mas é mais bonito a fotografia: só ela é capaz de transmitir o sentimento de compreensão do tempo por um fragmento instantâneo dele mesmo; embora impossível repetir aquele abraço da família, o aniversário de 1º aninho, o cheiro do café passando na casa da avó, pode fazer com que voltemos a esses mesmos lugares – sem tropeçar; ainda bem. 

Também o amor daqueles que nos cercam, que dividem a rotina, tem essa capacidade de rompimento, de compreensão. Mas são mais construtores do tempo do que admiradores dele. E quem disse que deixar-se fotografar não é uma forma, também, de amar?

E num piscar de olhos o Benjamin cresceu…